ENFIM TEMOS UM PARLAMENTO PARALAMENTAR.

Hiram Souza
4 min readMay 6, 2024

Dia desses lendo no Estadão uma matéria de Daniel Waterman, descobri que sob o título “Captura do Orçamento pelo Congresso” o mesmo é 20 vezes maior no Brasil que na OCDE — Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econômico. Quem tiver interesse é só procurar no Estadão que vocês vão encontrar a matéria.

O Daniel cita no seu artigo um estudo feito pelo economista Marcos Mendes do Instituto Millenium que afirma que: “24% das despesas dos Ministérios e de investimentos neste ano são escoadas via emendas parlamentares.” Dizendo ainda: “o estudo mostra que na comparação com outros países o parlamento brasileiro interfere muito mais de forma livre e sem critérios objetivos.”

Em suma, estou rouco de escrever sobre o absurdo a que chegou essa história mal contada das emendas parlamentares, onde via de regra o dinheiro do contribuinte vai para o ralo de obras eleitoreiras que nem sempre representam o correto uso do dinheiro público. Sinceramente lamento muito, porque durante muitos anos da minha vida gastei tempo e dinheiro trabalhando em campanhas políticas sem cobrar absolutamente nada, apenas acreditando nas boas intenções dos candidatos.

E acreditando que estava ajudando a democracia, tudo bem podem me chamar de velhinha de Taubaté, mas se nem STE, Superior Tribunal Eleitoral faz uma análise dos bons antecedentes dos candidatos, por que eu deveria fazê-lo? Tem candidato com ficha criminal se candidatando gente!! Lamento também pelos amigos que lá estão, alguns conseguem sobreviver naquele antro de toma lá dá cá sem cair em tentação que, diga-se de passagem, é grande.

Outros usando o princípio de “honestidade elástica” seguem levantando a barra da calça e vão em frente. O fato é 40% dos deputados federais enfrentam problemas com a justiça segundo o “jusbrasil.com.br.” é só entrar no tio google e procurar, 108 parlamentares, alguns até bem reeleitos o que deixa claro que a tal justiça eleitoral tem preferencias.

As benesses pagas com dinheiro público não param, pelo contrário, aumentam e tendem a ser cada vez maiores, como temos visto com o verdadeiro escândalo dos tais fundos. O Fundo Eleitoral criado em 2017 pelas Leis 13.487 e 13488 e o Fundo Partidário, mais antigo criado em 1995, pela Lei 9096 tinham por objetivo, dar suporte aos partidos para ensinamentos sobre como votar e elucidar os eleitores sobre os partidos, e suas finalidades. Claro, acabaram sendo uma “graça” a mais para os presidentes dos partidos, que dispõe dessa montanha de dinheiro segundo seus interesses.

Já o Fundo Eleitoral é um descaramento sem tamanho, usar o dinheiro público para pagar as campanhas dos parlamentares, como se já não tivessem diversas benesses votadas por eles em benefício deles mesmos.

Para encerrar vou transcrever na integra uma pequena parte do estudo do economista Marcos Mendes, citado no início do artigo: “No Brasil, o detalhamento gera uma fragmentação de recursos muito grande e impede o planejamento”. Ele (o deputado) pode ter um interesse pessoal, pode ter conluio e estar interessado em favorecer um fornecedor, e não o Município. Caríssimos leitores há tempos que a vergonha, a seriedade e a vontade de servir ao País, perderam-se no brejo seco da incompetência e na ausência de dignidade. Aliás como disse a Marta Suplicy em recente retorno ao PT; se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar de segunda a sexta feira?

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Hiram Souza

Publicitário de longa data e observador contumaz da vida, Hiram escreve com humor e leveza sobre Política, Comportamento, Educação e muito mais. Leia e comente!