A NOVA MEDICINA ESTÁ MATANDO OS PLANOS DE SAÚDE E VICE VERSA.
Como Deus tem sido generoso comigo, cheguei aos 82 anos em boa forma e com saúde de dar inveja nos contemporâneos. Todavia daí para a frente começaram a aparecer os problemas de DNA, mais conhecido como data de nascimento antiga. Mas segundo amigos médicos, a alternativa para não ficar velho, não interessa à maioria.
Por outro lado, a idade de nascimento antiga me deu uma nova dimensão com relação à medicina atual praticada no Brasil. Creio que essa nova forma de atendimento médico tem suas origens no formato da educação brasileira. Creio ainda que a origem se divide em duas vertentes.
Por exemplo: os alunos não são ensinados a pensar, raciocinar, analisar, eles são treinados para passar no vestibular com formulazinhas e truques ensinados nos cursinhos, o que pra mim, já deixa claro que o ensino que antecede à faculdade é ruim, precisando ser complementado. A outra vertente é a necessidade de se formar e conseguir ganhar dinheiro, rapidamente, afinal tem um FIES — Fundo de Financiamento Estudantil para pagar e/ou simplesmente para dar satisfação a família e a Sociedade.
Nessa vertente, para ganhar dinheiro rapidamente, o pessoal trabalha em três turnos (experiência com sobrinha médica) pela manhã no plano de saúde, a tarde em uma clínica e a noite em outra clinica que atende 24 horas. No expediente do plano de saúde, que paga uma mixaria, o médico tem que fazer 12 a 18 consultas por expediente para render alguma coisa.
Então a consulta se resume a uma entrevista com o paciente sentado em um lado da mesa e o médico do outro, não há exame, o médico não examina o paciente como antigamente, não apalpa mais o paciente, pode até ser por medo de denúncia de assédio. Mas a verdade é que não existe mais o exame que os médicos de antigamente faziam e onde já se identificavam sintomas.
O resultado disso é que o médico atual acaba terceirizando a sua responsabilidade, solicitando uma enorme bateria de exames que por lei o plano de saúde seja qual for, tem que autorizar, aumentando estupidamente os seus custos e transformando a relação médico x paciente em rapidíssimas consultas que serão subsidiadas pelos chamados “exames complementares”, que vem consumindo a receita dos planos e também dos médicos.
Esse comportamento de consulta à jato, considerado normal hoje em dia, mina a confiança do paciente no médico. Planos pagando pouco versus médicos precisando fazer um número maluco de consultas para ganhar algum, têm transformado profundamente a histórica relação entre o médico de confiança e o paciente que precisa ser tratado.
Acredito que o volume de dinheiro que circula no meio da chamada “saúde pública privada” vem sendo consumido pelos exames complementares que diga-se de passagem, são altamente necessários, uma vez que o médico sequer examina o paciente como deveria ser feito, sobrando então para o resultado do exame complementar que irá dizer ao médico o que receitar.
Lembrando ainda que em qualquer consultório sempre tem de plantão um representante de laboratório fazendo farta distribuição de amostras de remédios. Mais recentemente convivendo com exames, laboratórios, médicos e remédios chego à conclusão que no sistema brasileiro de saúde privada existe uma imensa caixa preta de irregularidades não necessariamente de desonestidade, mas de comportamento não tenho dúvida.
Por outro lado, observando o aumento da população apelidada de “terceira idade” e as recentes suspenções unilaterais dos planos de saúde para determinados tipos de doença deixa claro a necessidade de rediscutir o sistema. Observações de um usuário do sistema de saúde privada, preocupado que ela vá parar lá.